“O ato de documentar a vida na rua acarreta uma dicotomia entre o distanciamento e a conexão que proporciona com os espaços e os sujeitos com os quais se partilha o passeio. Por um lado, o fotógrafo fica fora de cena, reconhecendo a sua condição transitória no fluxo urbano. Por outro lado, o processo fotográfico pede  uma maior ligação e envolvimento, forçando o observador a reagir, captando o outro nas suas idiossincrasias, na sua abstracção, na sua rotina ... na sua justaposição geométrica à rua, às estruturas urbanas e ao vizinho transeunte. Num breve momento, a complexidade insondável da realidade é simplificada, emoldurada e congelada no tempo.”…”Sem qualquer pretensão narrativa, esta obra resulta da minha experiência de ser residente numa cidade que se descobre e redescobre a cada passo. Percorrer as ruas da capital com um mesmo ponto de partida e de chegada; Lisboa como entidade geográfica una, diversa na especificidade das suas artérias, singular pelas vidas que por elas fluem sem se tocar. Fotografar, deixando que a vida cosmopolita aconteça, usando a rua como palco para as histórias que acontecem. Histórias que vi sem nunca as conhecer.”

________________________________

“The act of documenting life on the street is charged with a dichotomy between the detachment and the connection it provides with the spaces and subjects with whom one shares the sidewalk. On the one hand, the photographer stays out of the scene, acknowledging his transient condition in the ow of the street. On the other hand, the photographic process demands a greater connection, forcing the observer to react by capturing the other in its idiosyncrasies, its abstraction, its routine...in its geometrical juxtaposition to the street, to the urban structures and to the neighbouring walker. For a brief moment, the unfathomable complexity of reality is molded into a frame and frozen in time…”…“Absent of any narrative construction, this body of work was born out of my experience of being resident in a city that one discovers and rediscovers at each step. To walk on journey having the same beginning and ending point; Lisbon as a single geographical entity, diverse in the specificity of its arteries, unique for the lives of those that ow through it without touching. To photograph, allowing the cosmopolitan life to take place, using the street as the stage for the stories that unfold. Stories that I’ve seen but never got to know.”